"Você Sabia Que Peter Cushing Ja Foi O "Doctor Who"? Mas Não Exatamente Aquele Quem Você Estava Esperando..."

De fato, há dois filmes lançados entre 1965 e 1966, os quais foram estrelados pelo ator Peter Cushing. Apesar deles serem adaptações de episódios da produção televisiva, eles não são considerados parte da mitologia da série. Isto porque, nestes filmes, o Doutor é um ser humano e não um alienígena Senhor do Tempo.

Na década de 1960, quando a série ainda era estrelada por William Hartnell, os Daleks, seres metálicos que se tornaram inimigos do Doutor, se transformaram em uma mania nacional, povoando o imaginário das crianças da época. Visualizando seu potencial financeiro, o produtor Milton Subotsky conseguiu convencer a BBC e Terry Nation, criador dos Daleks, a vender-lhes os direitos de adaptação cinematográfica de duas histórias produzidas para a série. A primeira é a que os Daleks são introduzidos, exibida em 1963, e a segunda era "The Dalek Invasion of Earth", exibida em 1964.

Alguns acreditam que a BBC não tinha interesse de que os filmes interferissem com a produção da série, por isto o Doutor do cinema teria sido transformado em humano, para não confundir as crianças com o fato de que Hartnell ainda interpretava o Doutor alienígena na TV. Outros dizem que os produtores dos filmes não tinham interesse em desenvolver a história do personagem na versão cinematográfica. O único interesse deles era o de explorar comercialmente os Daleks. Por isso, teriam simplificado a história do Doutor, transformando-o em um cientista humano, embora esta condição não seja dita, apenas subtendida. Seja como for, em função disso, Cushing não é oficialmente contabilizado na sequência de regenerações pelas quais o Doutor passa quando ocorre a troca de atores.

Outras diferenças entre a série e os filmes são o tema de abertura e o interior da TARDIS. A BBC não autorizou a utilização da música ou do visual interno da máquina do tempo e do espaço. Assim, um novo tema foi composto por Barry Gray e Malcolm Lockyer. Já o interior da TARDIS ganhou diversas cores e um visual mais psicodélico.

Em "Doctor Who and the Daleks", o "Doutor Quem", é um professor e inventor que construiu sua própria máquina do tempo, batizada de TARDIS. Na companhia de suas netas, Susan (Roberta Tovey) e Barbara (Jennie Linden), bem como do namorado de Barbara, Ian (Roy Castle), ele viaja para o planeta Skaro, onde encontra duas raças alienígenas: os Thals e os Daleks. Esta última planeja dominar o planeta. Assim, Who, suas netas e Ian decidem ajudar os Thals a vencerem os Daleks.

As crianças da época adoraram ver os Daleks em cores, pela primeira vez. Com o sucesso do primeiro filme, o segundo foi lançado no ano seguinte. Em "Daleks Invasion Earth: 2150 A.D" (Ano 2150, a Invasão da Terra), Who é transportado para o ano de 2150, época em que os Daleks destruíram Londres com o objetivo de transformar a Terra em uma grande espaçonave.

Por curiosidade, o segundo filme conta com a participação de Bernard Cribbins, na época com cerca de 30 anos de idade. Atualmente, o ator é mais conhecido da nova geração de fãs da série "Doctor Who" como sendo Wilfred Mott, o avô de Donna Noble (Catherine Tate), que foi uma das companheiras de viagem do Doutor quando ele foi interpretado por David Tennant. No filme de 1966, Bernard interpreta Tom Campbell, um policial que confunde a TARDIS com uma cabine telefônica. Ao entrar na TARDIS, ele conhece o Doutor, sua neta Susan e sua sobrinha Louise (Jill Curzon), com quem viaja para o futuro.

Como o segundo filme não fez o mesmo sucesso que o primeiro, um terceiro filme que estava sendo planejado com base no episódio "The Chase" foi cancelado.

De qualquer forma a tentativa foi valida, pois mesmo estando fora da cronologia oficial, esta versão do Doctor sempre é lembrada pelo fãs da série e de filmes sci fi antigos.